domingo, 5 de março de 2017

ESPREITAR É PRECISO

Espreitar o abismo é espreitar as próprias entranhas. Vagar no labirinto das próprias vísceras, nas circunvoluções e canais, no rio que segue por cada ramificação, banhamo-nos no nosso próprio sangue, enterrados na medula dos nossos esqueletos. Em impulsos elétricos e químicos que acordam nossos nervos e em movimentos peristálticos que empurram a nossa merda, perceber o corpo adormecido, dentro do corpo consciente.


Espreitar o abismo é espreitar dentro, não fora. Não é perscrutar os espaços infinitos que aparentam estar alhures, num universo apartado do corpo.  É apreender os infinitos interiores e perceber que não existe dentro e fora, nunca existiu.    

sábado, 17 de dezembro de 2016

FUSÃO

O que será de mim, quando eu me for?
 O que será de nós?
Cada uma na ponta do quadrado.
Já é chegada a hora da cabeça quádrupla se fundir.
Uma em cada ponto cardeal, migrando para o centro.
Como seria o nosso totem?
Raposas-corujas-dragões
Cabeças de serpentes
Quem de nós a nós unificará?
Predominará a bruxa-sábia-louca, uivando em desvario?
Sobressairá a sonhadora? Num sonho desperto?
Será a guerreira em busca do próprio sangue?
A espreitadora urbana, se esgueirando pelos quintais?
Mas isto não é uma questão de predominância,
isto é uma fusão.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A CONSTANTE ESPREITA DO SELF E O CAMINHO QUE NUNCA ACABA


Existem duas possibilidades. Você pode aceitar quem você é ou não. Caso você aceite, você deve abraçar todos os seus aspectos, sem dualismos, mas caso você não aceite, você pode tentar uma transmutação. Claro que essa estrada é mais dolorosa do que a primeira, ou talvez não, já que podem haver aspectos do seu ser difíceis de serem abraçados. Em ambos os casos você precisa saber quem você é. 

No meu caso, minha estrada ainda não é uma de aceitação ou transmutação. Eu continuo descendo às profundidades do meu poço, também conhecido como self. Explorando, especialmente aqueles becos escuros onde vivem meus demônios. Eu continuo sendo comida viva pelas partes que desconheço, as partes ainda não integradas. Elas ainda estão consumindo muita energia, uma grande parte do meu poder pessoal. 

Eu ainda não sou uma. Ainda continuo na espreita constante.

By  Urban Fox


terça-feira, 10 de maio de 2016

VOLTA

Quando você se perde e esquece o que estava fazendo, o que você faz?

Volta para casa.  

Não há lugar melhor que nosso lar, já dizia Dorothy. Uma pena que eu não saiba onde fica isso. Não existe Ixtlan, você nunca esteve lá. Você sempre esteve aqui.

Toc, toc, você bate na porta. Alguém que você deveria conhecer abre, mas não é ninguém. Fantasmas, você sabe. E mesmo assim, você concorda em passar tempo entre eles. Você não tem opção. Ou teria? 

Há dias em que eu me canso de espreitar. Eu visto uma capa vermelha, pego uma cesta de doces e vou cantarolando para a casa da vovó. "A estrada é longa, o caminho é deserto. E o lobo mau passeia aqui por perto." Mas não existe nenhum lobo, só uma única e pequena raposa. 

Há dias em que eu me confundo com você.



by Urban Fox

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

HUMANOS E SEUS CÉREBROS DE LAGARTIXA


Você está falando comigo?


Os rebanhos, os pintinhos, as ovelhas são metáforas injustas para serem usadas com relação a humanos. Ora, os animais não merecem tamanha desconsideração! Agora vocês irão me acusar de misantropia. É verdade, assumo. Sou uma raposa, afinal, apesar de às vezes conseguir me disfarçar bem e andar em duas patas, entre os humanos, sem que eles percebam a minha verdadeira natureza. Às vezes, faço isso tão bem que até mesmo eu esqueço o que sou.

Apesar de me passar por humana de forma quase perfeita, eu não entendo o que eles fazem. Desenvolvem um grande aparato cerebral após incontáveis anos de evolução, criam filosofia, religião, direitos humanos e então? Continuam escravos dos seus pequeninos cérebros reptilianos. Antes continuassem sendo uma ameba. Pelo menos amebas não criam reality shows, armas de destruição em massa e fast food. As amebas não se lamentam, não fazem chantagem emocional e não são desonestas. E quando eu falo de desonestidade, não estou falando de corrupção grande e gorda, eu estou falando da manipulação e corrupção burra e mesquinha do dia a dia.

O cérebro privilegiado dos humanos dá a eles a capacidade incrível de terem consciência de sua singularidade, de evoluírem intelectual, mental, social e espiritualmente no espaço de uma vida o que uma ameba não evoluiria em séculos. E o que eles fazem? Continuam pastando.


By Raposa Cinzenta     

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

RED RED RED

Um cão velho tenta uivar não muito longe daqui. Eu fico quieta e farejo o ar. Ele, como que percebendo o meu interesse, se cala. Eu estou escondida atrás das moitas, dos muros, dos jardins. Espreito, porque só me resta espreitar nessa cidade morta, cheia de gente, de mortos tentando se passar por vivos, e cara, como eles festejam!

Nunca vi tanta gente festejar por estar na merda. A banalidade da merda. É tanta merda que nem parece que é merda. Você chama isso apenas de vida.  Mas o que sei eu? Uma velha raposa rabugenta com sede de sangue e fúria. Eu só penso em correr daqui e encontrar uma porta de saída o mais rápido possível. Mas ela não está lá, não é? Ao invés disso, eu, tal qual Moisés, tenho que abrir o mar da merda se quiser sair daqui


By Red fox

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Olá você que acha que o ano novo começou!

Só tenho uma coisa a dizer: Você é um trouxa.


Que comecem os trabalhos, e parem de andar em círculos. Já está na hora de fazermos uma espiral.

By Raposa Vermelha (Red Red Foxxxxxxx)